Como ambientes de trabalho estressantes estão atingindo a saúde do trabalhador

Pesquisadores calculam que o estresse no trabalho contribua para pelo menos 120.000 mortes ao ano nos Estados Unidos- comparável ao número anual de mortes por acidentes – e responda por até US$ 190 bilhões de dólares em custos da saúde.

Muita gente não iria trabalhar em um lugar onde os colegas de trabalho fumassem. A maioria das pessoas nunca vai ser confrontada com essa questão porque o tabagismo é normalmente proibido no local de trabalho, por ser o tabagismo passivo perigoso para todos.

Deveriam longas e imprevisíveis horas de trabalho, demandas excessivas de trabalho, gestores “caprichosos” e outros aspectos nocivos do ambiente de trabalho moderno serem proibidos da mesma maneira?

Essa é a questão levantada por um novo estudo de pesquisadores das Universidades de Stanford e Harvard, que descobriu que o estresse no trabalho é tão perigoso para a saúde como o fumo passivo.

O estudo, publicado recentemente na revista científica Behavioral Science & Policy, examinou 10 condições de trabalho. Cinco condições foram consideradas como maléficas à saúde: longas horas de trabalho; trabalho em turnos; conflito trabalho-família; altas demandas de trabalho; e baixo controle sobre o trabalho, que se refere ao nível de autonomia que funcionários têm sobre o seu próprio trabalho. Foram presumidos outros quatro fatores para mitigar tais condições: apoio social; oportunidades de redes sociais; disponibilidade de cuidados de saúde fornecida pelo empregador e justiça organizacional, definida como a equidade percebida em um local de trabalho.

A última condição local de trabalho, e sem dúvida o mais importante, era saber se a pessoa estava empregada seguramente. Os pesquisadores reconheceram que os empregadores não são responsáveis por forças macroeconômicas que influenciam o desemprego. Mas, eles notaram que os empregadores são responsáveis por decisões sobre demissões, o que aumenta a insegurança económica, mesmo entre os trabalhadores que mantêm seus empregos.

Os pesquisadores calcularam os efeitos de cada uma das 10 condições em quatro resultados de saúde: autopercepção de saúde precária; autoavaliação da saúde mental pobre; problemas de saúde diagnosticados por médico e morte.

Entre as conclusões estão:

– O conflito trabalho-família mais do que duplicou as chances de um funcionário indicar má saúde mental e aumentaram as chances de relato de má saúde física em cerca de 90 por cento.

– A insegurança no trabalho aumentou as chances de relato de má saúde física em cerca de 50 por cento.

– Baixa justiça organizacional aumentou as chances de ter uma condição diagnosticada por médico em cerca de 50 por cento.

– Altas demandas de trabalho aumentou as chances de uma doença diagnosticada por médico em 35 por cento.

– Longas horas de trabalho aumentaram a mortalidade em cerca de 20 por cento.

Além disso, o desemprego e baixo controle sobre o trabalho aumentou significativamente as chances de todos os resultados adversos à saúde do trabalhador, enquanto situações psicossociais adversas no trabalho – falta de equidade, o baixo apoio social e baixo controle sobre o trabalho – foram tão fortemente associados com a saúde debilitada como fatores concretos como longas horas e trabalho por turnos.

Ao todo, os pesquisadores calcularam que o estresse no trabalho contribua para pelo menos 120.000 mortes a cada ano – comparável ao número anual de mortes por acidentes nos Estados Unidos – e responde por até US$ 190 bilhões de dólares em custos da saúde.

Os pesquisadores dão muitas razões para que os empregadores se importem com a saúde dos seus funcionários. Se apenas o direito humano à saúde não ressoa, os empregadores devem ter um interesse básico em uma força de trabalho saudável. Um melhor estado saúde está associado a uma maior produtividade. Uma melhor saúde presumivelmente reduz os custos de seguro de saúde fornecido pelo empregador e de gastos previdenciários relacionados.

O estudo, no entanto, termina com uma nota de advertência: “até que as empresas e governos, de forma mais rigorosa, venham medir e intervir para reduzir os fatores nocivos de estresse no local de trabalho, os esforços para melhorar a saúde das pessoas – e suas vidas – e reduzir os custos de cuidados de saúde serão limitados em sua eficácia”.

Fonte: traduzido de artigo Teresa Tritch em nytimes.com