Maria Cristina Costa, especialista em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial e coordenadora do Núcleo Técnico Critérios da FNQ
As questões do Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) têm servido como impulsionadoras da competitividade das organizações brasileiras.
Desde há muitos anos, os aspectos relativos à Informação e ao Conhecimento são vistos pelo MEG® como liga entre as questões de Liderança, Estratégias, Clientes, Sociedade, Pessoas e Processos, de cujos Resultados emergem decisões que permitem alcançar novos patamares rumo à excelência.
Mais recentemente, a Teoria da Complexidade, tema estudado por profissionais de áreas tão distintas como filosofia, matemática, química, física, meteorologia, economia e medicina, adquiriu grande relevância nos meios empresariais. O entendimento de que o mundo não é fragmentado e sim, formado por sistemas inter-relacionados vem orientando a percepção da empresa como um organismo vivo, que interage com o mundo e com as pessoas.
Os executivos começam a se perguntar como questões, antes circunscritas a determinados sistemas, passaram a ser rapidamente percebidas como consequências de atos de pequena significância em um primeiro momento. Independente de seu ramo ou porte, as empresas se deparam com uma característica que as distingue de organizações de outros contextos históricos: a velocidade do acesso a informações em qualquer canto do planeta em tempo real e seu poder transformador.
Um exemplo que ganhou efeitos não planejados e que até hoje nos impacta com suas consequências foram os protestos sobre o aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus. O que era visto como fruto da insatisfação com o aumento do preço de um serviço essencial à população passou ao clamor por melhores serviços de infraestrutura, logística, educação, saúde, ética na política e tantas outras vozes que ganharam projeção para seus legítimos anseios em toda a Nação.
Como então, separar o joio do trigo: a informação relevante da que não agrega valor? É possível fazê-lo, em um tempo de rápido consumo e obsolescência, em que pessoas que usavam máquina de escrever e mimeógrafo convivem no mesmo ambiente de negócios com as gerações X, Y e outras mais em que a internet tornou-se serviço essencial, as reputações são construídas e destruídas em compartilhamentos das redes sociais, e 3D, 4K saíram da ficção científica para o cotidiano?
O MEG® tem servido de bússola nesse contexto tão interessante. Perguntas tão simples quanto poderosas alertam as organizações de que é preciso:
– decidir quais são as informações necessárias para gerenciar seus processos, observando que não é algo que se delegue à TI e sim, de responsabilidade de todos os líderes e que exige agilidade para prontamente responder a novas demandas;
– usar os sistemas de informação para integrar a organização com clientes, fornecedores, parceiros, comunidade;
– assegurar que a informação flui dentro da empresa e chega rápida e eficazmente aos que dela necessitam;
– ver a segurança da informação como prioridade, sob pena de se perder mercado, talentos e oportunidades.
Em uma rápida analogia, quais serão os “R$ 0,20” que tornarão minha empresa mais ágil, gerando valor para suas partes interessadas e que trarão ao sistema em que está inserida o mesmo efeito transformador rumo à excelência?
Então basta isso? E o conhecimento gerado?
Mesmo organizações intensivas no uso de máquinas e materiais, cada vez mais percebem que há um bem intangível que possibilita exponenciar estes ativos físicos: o conhecimento. Tal percepção amplia os desafios a que as empresas precisam responder, colocando os líderes no seguinte dilema: ora, se já é tão difícil gerenciar as informações de minha organização, como fazê-lo com algo tão imaterial?
Mais uma vez, o MEG® faz as perguntas certas, lembrando que o conhecimento é a riqueza da Economia da Abundância: quanto mais compartilhado, mais ele se multiplica; quanto mais usado mais valor gera.
– Quais são os conhecimentos mais importantes, dadas a missão e estratégias?
– O ambiente na organização propicia ou cerceia a busca e geração do conhecimento, apoiando-se em redes internas e externas?
– Há ferramentas para armazená-lo para que seja rapidamente acessado para desenvolver ainda mais conhecimento?
– Já que o conhecimento é o fermento que torna a empresa ainda mais competitiva, como faço para difundi-lo, interna e externamente, para que mais uma vez, o efeito transformador se espalhe por todos os sistemas em que a organização opera?
Se há perguntas certas, o mesmo não acontece com as respostas. As soluções das organizações são únicas e necessárias a seu contexto, portanto, há de se “arregaçar as mangas” e construir as respostas. Algumas delas farão toda a diferença e contribuirão para o desenvolvimento sustentável a que todos almejamos, fazendo do nosso País o Brasil do presente!
Fonte: FNQ