Pesquisa divulgada hoje revela problemas graves na assistencia aos pacientes
A Associação Paulista de Medicina (APM) acaba de divulgar pesquisa Datafolha encomendada especialmente para apurar a opinião dos pacientes sobre a qualidade da assistência oferecida por planos de saúde, no estado de São Paulo.
O quadro é preocupante. Problemas importantes no atendimento em pronto-socorro, as dificuldades de quem necessita de uma cirurgia, os complicadores para realização de exames e procedimentos de maior custo, as barreiras impostas pela burocracia, o suplício para a marcação de consultas, as consequências do descredenciamento de médicos, hospitais e laboratórios, entre outros pontos, são queixas recorrentes e gravíssimas.
Metodologia
A pesquisa foi realizada junto a homens e mulheres, com 18 anos ou mais, pertencentes a todas as classes econômicas, que têm plano ou seguro saúde como titulares ou dependentes e que utilizaram algum serviço nos últimos 24 meses.
A coleta de dados aconteceu de 30 de julho a 04 de agosto de 2015. A amostra total, com o público-alvo, é de 900 entrevistas. A margem de erro máxima é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.
Usuários de planos
Em São Paulo temos atualmente 32,4 milhões de homens e mulheres, com 18 anos ou mais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE/Censo 2010 (Estimativa 2014). Destes, 13,6 milhões são usuários de planos de saúde, sendo que 88%, 11,9 milhões, usaram os serviços nos últimos 24 meses.
Resultados importantes
Do grupo que recorreu aos planos nos últimos 24 meses, 84% relataram problemas; projetando o número para os 11,9 milhões de usuários chegamos a aproximadamente 10 milhões de pacientes enfrentando problemas.
A investigação estimulada sobre a utilização de serviços e percepção de problemas tem como principais reclamações o pronto atendimento/pronto socorro (80%) consultas médicas (69%), exames e diagnóstico (58%).
Pronto socorro
Local de espera lotado é o principal problema apontado pelos usuários do pronto atendimento (73%). Demora para ser atendido também é um aspecto importante, mencionado por 61% dos usuários. Outras reclamações que merecem ser destacadas são demora ou negativa para realização de procedimentos necessários (34%) e negativa de atendimento (11%).
Aqui o entendimento da APM é que os dados são preocupantes, pois é nos prontos socorros que se encontram os casos mais graves e, portanto, necessitando de resolubilidade imediata.
Internações hospitalares/cirurgias
O quesito atendimento hospitalar/internação também figura entre as principais reclamações dos usuários (51% de ocorrências de problemas). Os principais problemas são as poucas opções de hospitais (43%) e a demora para autorização de internação (23%).
Quando a pauta são as cirurgias, há 31% de ocorrências de problemas. A demora para autorização (23%), negativa de cobertura ou autorização (15%) e falta de cobertura de materiais especiais (12%) são as queixas mais citadas.
Exames e diagnósticos
Quanto aos exames e diagnósticos, as queixas mais comuns referem-se à demora para marcação (35%), poucas opções de laboratórios e clínicas especializadas (32%), tempo para autorização de exame ou procedimento (29%).
Consultas médicas
No item consultas médicas, temos como mais frequentes: demora na marcação de consultas (58%), médico saiu do plano (34%).
Recorrendo ao SUS
A pesquisa mostra também que, por falta de opções de atendimento no plano de saúde, 20% declaram que recorreram ao SUS.
Outros números
• 54% têm a percepção de que os planos pressionam os médicos para reduzir o tempo de internação hospitalar ou UTI
• 68% têm a percepção de que os planos dificultam a realização de exames de maior custo
• 58% têm a percepção de que os planos pagam aos médicos um valor muito baixo por consultas e procedimentos