O Professor Eugênio Vilaça falou, na última Qualihosp, evento sediado na FGV, no dia 14/04/2014 sobre a atenção à saúde e citou onde os os sistemas de saúde atuais estão errando, criando filas de pessoas que não se beneficiam do atendimento ao qual estão se submetendo e criando uma ineficiência atencional significativa
Segundo ele, as megatendências para o século XXI se centram em alguns itens: A medicina genômica, do paradigma de diagnosticar e tratar para o paradigma de predizer e prevebir; a medicina reparativa, com as “fábricas” de células; as novas vacinas para doenças infecciosas; as novas imagens, permitindo análises funcionais de células, por exemplo; as novas tecnologias de intervenção, como a nanotecnologia e a cirurgia robótica; o prontuário individual digitalizado; o fortalecimento das práticas de medicina complementar, com uma visão holística dos pacientes; e, por último, mas não menos importante, a segurança dos pacientes.
Para o Dr. Eugênio, os sistemas de saúde devem seguir o postulado da coerência e ser respostas sociais deliberadas efetivas, eficientes, de qualidade e equitativas às necessidades de saúde da população, logo, deve haver coerência entre as necessidades de saúde expressas na situação de saúde e o sistema de atenção à saúde que se pratica socialmente. Atualmente, há uma ruptura neste postulado, pois há um desencontro entre a situação de saúde e as respostas sociais. A sociedade encontra-se em transições demográfica, nutricional, tecnológica e epidemiológica e os sistemas de saúde não são capazes de acompanhar essas mudanças.
Sobre estas transições, podemos afirmar que elas sinalizam prospectivamente para uma situação de saúde com participação crescente das condições crônicas e elas necessitam de novas formas de sistemas de saúde. Na transição demográfica, podemos citar o envelhecimento populacional. Já a transição nutricional encontra-se no fato de, cada vez mais, adultos e crianças são considerados acima do peso ou obesos. A transição epidemiológica consiste em sairmos do século XX, onde as doenças infecciosas e condições agudas, em geral, eram a maior demanda do sistema de saúde e entrarmos para o século XXI, onde a situação epidemiológica é a de tripla carga de doenças (uma agenda não concluída de infecções, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva; crescimento das causas externas e; predominância de doenças crônicas e de seus fatores de risco, como tabagismo, por exemplo); A transição tecnológica entra no paradoxo da tecnologia médica, com crescimento exponencial das tecnologias médicas, mas, ao mesmo tempo, com aumento da complexidade clínica.
Os sistemas de saúde hegemônicos são fragmentados, ou seja, organizados por componentes isolados, por níveis hierárquicos, sem coordenação entre seus componentes e orientados para a atenção às condições agudas. Eles são voltados para os indivíduos e o sujeito é paciente. Além disso, eles são monetizados por procedimento e tem ênfase em questões curativas e reabilitadoras.
A resposta social dada aos eventos de saúde da sociedade do século XXI não corresponde ao que a sociedade demanda. Devem ser consideradas todas estas transições e a integração e reformulação da atenção.
Fonte: Nathalia Nunes – empreendersaude.com.br