Hospitais estão fechando unidades consideradas não rentáveis como maternidades, pediatrias e outras áreas de baixa complexidade médica
O Hospital Santa Catarina vai encerrar as atividades de sua maternidade, fundada há mais de três décadas, no fim de outubro, conforme publicou o Valor. A Santa Casa de Belo Horizonte informou que também pode fechar, em setembro, sua maternidade, que gera prejuízo de cerca de R$ 800 mil por mês.
Os dois casos não são isolados. Nos últimos anos, outros grandes grupos hospitalares de várias regiões do país seguiram o mesmo caminho. Entre eles, estão o São Camilo, Nossa Senhora de Lourdes e Santa Marina, localizados em São Paulo, o carioca Barra D’Or e o Vita , de Curitiba. Todos eles voltaram as atenções para áreas com maior retorno financeiro como oncologia, neurologia, cardiologia e ortopedia.
“A maternidade tem um custo elevado e os pacientes dessa área usam pouco a estrutura de um hospital geral, que tem despesas altas com manutenção de equipamentos sofisticados e estrutura. Com a profissionalização na gestão do setor, isso ficou mais evidente”, explicou Francisco Balestrin, presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) e que também é dos sócios do Grupo Vita.
“Fechamos a maternidade em Curitiba há seis anos. Na unidade de Volta Redonda (RJ) continuamos porque temos um acordo com a CSN, que vendeu o hospital, de manter a maternidade”, disse Balestrin.
O presidente da Anahp destaca ainda que o custo de um parto em um hospital geral é superior ao de uma maternidade especializada. Sua justificativa é reforçada pelo diretor geral das maternidades Santa Joana e Pró-Matre, Marco Antônio Zaccarelli.
“Acredito que para ter um ponto de equilíbrio financeiro é preciso realizar cerca de 400 partos por mês”, afirmou Zacarelli. A Pró-Matre e a Santa Joana realizam um total de 2,5 mil partos mensalmente. Para efeitos de comparação, no Santa Catarina são feitos 240 partos por mês e na maternidade da Santa Casa de BH, 330.
Mas não é apenas a escala que faz uma maternidade fechar as contas no azul. Segundo Zaccarelli, ao mesmo tempo em que a taxa de natalidade vem caindo nos últimos anos, as mulheres estão engravidando mais tarde e com isso aumentando o número de partos de alta complexidade. “Como somos focados em obstetrícia e ginecologia, temos toda uma estrutura para atender essas pacientes. Há dois anos, tínhamos 20 leitos de semi-UTI para atender casos complexos. Hoje, são 40”, disse o diretor-geral do Grupo Santa Joana.
A decisão de encerrar as atividades de uma maternidade ou pediatria também ocorre porque nem todos os hospitais ainda têm fôlego para mais uma rodada de investimentos vultosos como a que ocorreu nos últimos anos. “O nosso custo cresce, há dois anos, em ritmo maior do que a receita. Com isso, a velocidade da expansão tende a diminuir. A ocupação e a instalação de equipamentos será gradual”, disse Balestrin. Por outro lado, os hospitais continuam investindo em pronto-socorro, onde boa parte dos casos é de complexidade simples e baixa remuneração, porque cada vez mais as pessoas vão ao hospital para atendimentos e consultas simples.
A maternidade não é a única a perder espaço. A área da pediatria também encolhe, seja nos hospitais ou por falta de médicos, que preferem seguir outras especialidades devido à baixa remuneração. “Hoje não há mais tantos casos de patologias infantis. As crianças não ficam doentes como antes e quando há um problema são casos graves, como oncológico ou cirúrgico, em que o paciente usa o mesmo leito ou centro cirúrgico”, disse Balestrin.
O Hospital Santa Catarina vai encerrar as atividades de sua maternidade, fundada há mais de três décadas, no fim de outubro, conforme publicou o Valor. A Santa Casa de Belo Horizonte informou que também pode fechar, em setembro, sua maternidade, que gera prejuízo de cerca de R$ 800 mil por mês.
Os dois casos não são isolados. Nos últimos anos, outros grandes grupos hospitalares de várias regiões do país seguiram o mesmo caminho. Entre eles, estão o São Camilo, Nossa Senhora de Lourdes e Santa Marina, localizados em São Paulo, o carioca Barra D’Or e o Vita , de Curitiba. Todos eles voltaram as atenções para áreas com maior retorno financeiro como oncologia, neurologia, cardiologia e ortopedia.
“A maternidade tem um custo elevado e os pacientes dessa área usam pouco a estrutura de um hospital geral, que tem despesas altas com manutenção de equipamentos sofisticados e estrutura. Com a profissionalização na gestão do setor, isso ficou mais evidente”, explicou Francisco Balestrin, presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) e que também é dos sócios do Grupo Vita.
“Fechamos a maternidade em Curitiba há seis anos. Na unidade de Volta Redonda (RJ) continuamos porque temos um acordo com a CSN, que vendeu o hospital, de manter a maternidade”, disse Balestrin.
O presidente da Anahp destaca ainda que o custo de um parto em um hospital geral é superior ao de uma maternidade especializada. Sua justificativa é reforçada pelo diretor geral das maternidades Santa Joana e Pró-Matre, Marco Antônio Zaccarelli.
“Acredito que para ter um ponto de equilíbrio financeiro é preciso realizar cerca de 400 partos por mês”, afirmou Zacarelli. A Pró-Matre e a Santa Joana realizam um total de 2,5 mil partos mensalmente. Para efeitos de comparação, no Santa Catarina são feitos 240 partos por mês e na maternidade da Santa Casa de BH, 330.
Mas não é apenas a escala que faz uma maternidade fechar as contas no azul. Segundo Zaccarelli, ao mesmo tempo em que a taxa de natalidade vem caindo nos últimos anos, as mulheres estão engravidando mais tarde e com isso aumentando o número de partos de alta complexidade. “Como somos focados em obstetrícia e ginecologia, temos toda uma estrutura para atender essas pacientes. Há dois anos, tínhamos 20 leitos de semi-UTI para atender casos complexos. Hoje, são 40”, disse o diretor-geral do Grupo Santa Joana.
A decisão de encerrar as atividades de uma maternidade ou pediatria também ocorre porque nem todos os hospitais ainda têm fôlego para mais uma rodada de investimentos vultosos como a que ocorreu nos últimos anos. “O nosso custo cresce, há dois anos, em ritmo maior do que a receita. Com isso, a velocidade da expansão tende a diminuir. A ocupação e a instalação de equipamentos será gradual”, disse Balestrin. Por outro lado, os hospitais continuam investindo em pronto-socorro, onde boa parte dos casos é de complexidade simples e baixa remuneração, porque cada vez mais as pessoas vão ao hospital para atendimentos e consultas simples.
A maternidade não é a única a perder espaço. A área da pediatria também encolhe, seja nos hospitais ou por falta de médicos, que preferem seguir outras especialidades devido à baixa remuneração. “Hoje não há mais tantos casos de patologias infantis. As crianças não ficam doentes como antes e quando há um problema são casos graves, como oncológico ou cirúrgico, em que o paciente usa o mesmo leito ou centro cirúrgico”, disse Balestrin.
Fonte: Valor Econômico – Publicado em 25/07/2014