David Uip, secretário da Saúde do Estado de São Paulo, afirmou que as mudanças de gestão ocasionadas pelas eleições e os desperdícios estão entre as maiores dificuldades do sistema público de saúde. De acordo com o secretário, tudo isso faz com que alguns processos sejam interrompidos, o que causa defasagens em diversos serviços.
A mudança na faixa etária no Brasil, que tem se tornado um país cada vez mais envelhecido, também implica na necessidade de novos recursos, de acordo com Uip. O secretário afirmou que umas das soluções encontradas é realizar uma parceria com o setor privado, para que a logística e distribuição de medicamentos não seja realizada pelo setor público. “Não acho que o Estado deva ou tenha competência para produzir ou distribuir medicamentos, não temos como competir com a indústria farmacêutica”, ponderou. Realizar este processo por meio de licitações, com regulação do Estado, ajudará a diminuir custos.
Para Uip, o papel da secretaria na melhora do sistema público é atuar na prevenção de doenças, no lugar de investir apenas no tratamento. “Apesar do orçamento da saúde ser alto, ele acaba se tornando pequeno para as demandas que nós temos, causadas pela falta de prevenção”, disse.
David Uip falou sobre os principais desafios da gestão pública no setor da saúde no 6º FÓRUM DA SAÚDE E BEM-ESTAR. O evento reúne grandes nomes da medicina brasileira, dirigentes de empresas que atuam no suporte à medicina preventiva, no hotel Grand Hyatt, em São Paulo. O FÓRUM é promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, e pelo LIDE SAÚDE, liderado por Claudio Lottenberg.
O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, participou online do 6º FÓRUM DA SAÚDE E BEM-ESTAR e ressaltou as inovações que o setor da saúde tem realizado no Brasil. O evento reúne mais de 350 grandes nomes da medicina brasileira, dirigentes de empresas e diversas autoridades públicas para debater temas relevantes ligados à saúde, no Grand Hyatt, em São Paulo. O FÓRUM é promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, e pelo LIDE SAÚDE, liderado por Claudio Lottenberg.
Uma das inovações citadas por Barros foi um aplicativo feito em parceria com o SUS, que traz resultados de exames, horários de consultas, entre outros serviços, e pode eliminar desperdícios que atualmente são típicos do sistema. “Existe um índice de 30% de abstenção em consultas e, com essa tecnologia, será possível agendar um novo paciente para esses horários vagos”, afirmou o ministro. O aplicativo também tem uma conectividade que dialoga com o cidadão e, com isso, consegue disponibilizar informações de maneira prática e rápida. A nova ferramenta estará disponível para download nos próximos dias, para os sistemas operacionais Apple IOS e Google Android.
Na abertura do evento, o prefeito de São Paulo, João Doria, falou sobre os avanços feitos durante sua gestão, como o Corujão da Saúde, que zerou as filas de exames desde o início do seu mandato. “Na campanha, falamos que as filas chegariam a um padrão normal dentro de 90 dias. Com 83, conseguimos atingir este objetivo”, afirmou. De acordo com ele, a parceria de 44 hospitais públicos e privados permitiu que a população fizesse os exames em horários normalmente não utilizados. As pessoas puderam fazer seus exames com uma curta espera, de 20 a 25 minutos, em hospitais referências da cidade, geralmente frequentados por pessoas de maior renda. Há duas semanas, também foi inaugurado o Corujão da Cirurgia, programa similar que pretende diminuir as filas de espera para cirurgias no sistema público. Atualmente, 67 mil pessoas aguardam para realizar procedimentos. Doria ressaltou, ainda, que a prefeitura tem o objetivo de inaugurar uma UBS – Unidade Básica de Saúde – a cada quinze dias, e que pretende inaugurar o Hospital de Palhereiros e da Vila Nova Brasilândia até o final do ano.
Luiz Fernando Furlan, Chairman do LIDE, lembrou que uma gestão moderna, que traz dados e inovações unidos com as especialidades médicas, pode trazer uma melhora na saúde pública.
Linamara Batistela, Secretaria do Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, frisou que os desafios que a cidade enfrenta na gestão da saúde podem se transformar em oportunidade. De acordo com ela, 74% dos dias perdidos de trabalho devido a problemas de saúde poderiam ser otimizados, caso a cidade tivesse um sistema saúde eficiente. Investir nesta área melhora a qualidade de vida e, como consequência, traz melhoras para outros setores públicos da cidade.
Wilson Pollara, secretário da Saúde da Cidade de São Paulo, falou sobre o impacto da Internet das Coisas na saúde. Ele palestrou ao lado de Marcelo Félix, Digital Health Strategist do Hospital Israelita Albert Einstein; e da sócia-diretora da MCKINSEY, Patrícia Ellen.
Pollara citou como a internet das coisas tem sido usada pela gestão pública para trazer praticidade para o cidadão e citou como exemplo o sistema já implementado que permite que o paciente agende seus exames pela web. O secretário garantiu que, mesmo com o avanço da tecnologia, o papel dos médicos continua sendo essencial, e que eles ganham um importante aliado com essas implementações no sistema público de saúde.
Para enriquecer o debate, Marcelo Felix, médico e digital health strategist do Hospital Israelita Albert Einstein, definiu que a internet das coisas diz respeito aos aparelhos conectados à internet, sem a necessidade da participação de pessoas em determinados processos, o que ajuda na redução de custos e na identificação de novos dados.
Patricia Ellen, Sócia-Diretora da MCKINSEY & COMPANY, afirmou que este tipo de tecnologia é um meio de trabalhar a saúde de uma forma diferente, sendo tecnológica e humana ao mesmo tempo. De acordo com ela, as empresas do setor da saúde buscam cada vez mais investir no setor, pois nele existe uma grande defasagem e insatisfação da população. Para o processo ser completo, no entanto, é necessário lidar com a segurança e privacidade de dados, e também explicar de forma prática e eficiente para os cidadãos.
Fonte: Portal Hospitais Brasil – 07/06/2017