Qual é a percepção da população sobre a saúde no Brasil e em São Paulo? Como os paulistas avaliam o Sistema Único de Saúde? Quais são os principais problemas e os gargalos do atendimento?
Será que os cidadãos do estado estão mais preocupados com a saúde ou com a educação? Com educação ou com a segurança? Quais são, de fato, as áreas sociais mais importantes para o eleitor?
Pesquisa inédita do Datafolha responde a estas e muitas outras perguntas, trazendo um retrato completo da percepção dos maiores de 16 anos, de todas as classes socioeconômicas, sobre questões gerais ligadas ao governo e faz, em especial, uma radiografia da saúde e do SUS.
Download do Relatório da Pesquisa
Encomendada pela Associação Paulista de Medicina e pelo Conselho Federal de Medicina, a pesquisa apresenta à comunidade, à mídia e aos candidatos às próximas eleições elementos essenciais para a discussão e redefinição de políticas públicas, em particular, as voltadas à saúde.
Resultados
Ao analisar as áreas que consideram mais importantes para o governo federal, os entrevistados apontaram a saúde como a mais relevante (52%), seguida da educação (19%).
Em nível estadual, a tendência se mantém, ficando a saúde com 47%, como área mais importante.
Os entrevistados fizeram avaliação da situação da saúde no Brasil e no SUS, usando uma escala de zero (péssimo) a 10 (excelente). Em ambos os casos, a avaliação foi insatisfatória: 63% atribuem notas de 0 a 4 à saúde como um todo, sendo que para o SUS, a avaliação de insuficiência é feita por 51% dos entrevistados.
Se considerado que o atendimento em saúde deve ter sempre o melhor resultado, pois qualquer outra hipótese é um potencial risco ao bem estar e à vida dos pacientes, os números do Datafolha são ainda mais preocupantes: 93% dão notas de 0 a um máximo de 7 à saúde, avaliação que se repete em 86% das entrevistas no caso do SUS. As notas 10 se restringem a 2% para a saúde e a 5% para o SUS.
Acesso
O Acesso e Utilização do SUS pelos paulistas foram investigados de forma estimulada, indagando-se aos entrevistados se buscaram acesso e se utilizaram nos últimos dois anos os seguintes serviços do SUS:
* Consultas com médicos
* Internações hospitalares
* Exames de laboratório como exames de sangue, ultrassons, Raio-X etc.
* Atendimento de emergência em pronto socorro
* Cirurgias
* Procedimentos específicos como quimioterapia, radioterapia, hemodiálise etc.
* Atendimento nos Postos de Saúde
* Remédios distribuídos gratuitamente pela rede pública
* Atendimento médico da rede pública, em casa
Dos entrevistados, 94% buscaram acesso a algum serviço do SUS nos últimos dois anos e 92% utilizaram algum serviço no mesmo espaço de tempo. Eles avaliaram o acesso a nove serviços do Sistema Único de Saúde, por meio de uma escala de quatro pontos:
* Muito fácil
* Fácil
* Difícil
* Muito difícil
Para todos os serviços, há uma parcela muito expressiva que avalia o acesso como difícil ou muito difícil.
Somente 3 em cada 10 entrevistados consideram que foi fácil se submeter a cirurgias, o serviço que tem o acesso mais difícil. As avaliações de difícil e muito difícil somam 62% neste item, o que é gravíssimo, tendo em vista que um paciente necessitado de uma operação requer agilidade de resposta.
Os índices de difícil e muito difícil também ficaram em patamares preocupantes nos demais pontos: atendimento médico da rede pública em casa (47%); consultas com médicos (54%); atendimento de emergência em pronto socorro (52%); procedimentos específicos (43%); internações hospitalares (50%); exames de laboratório (47%); atendimento nos postos de saúde (47%); e remédios distribuídos gratuitamente pela rede (38%).
Nos resultados acima, chama a atenção o fato de cerca de 50% da população que buscou o serviço manifestar dificuldade para atendimentos nos postos de saúde, que deveriam ser justamente uma das principais portas de entrada do sistema. Também merecem destaque negativo o índice de 50% que consideraram difícil conseguir uma internação e o fato de que cerca de 4 entre 10 paulistas têm dificuldade de obter remédio, quando doentes.
Qualidade
Os entrevistados que utilizaram o SUS (89%) avaliaram a qualidade dos serviços. As avaliações insuficientes (de 0 a 7) ficaram em torno de 70%.
Outro ponto preocupante da Pesquisa Datafolha APM-CFM diz respeito à espera para marcação de consulta, exame etc. Só 2 entre cada 10 entrevistados conseguiram acesso em até um mês e 50% encararam espera de um a seis meses. O mais grave é que 3 em cada 10 aguardam há mais de 6 meses, sendo que metade deles relata ter ficado mais de um ano em filas.
Entre os que não utilizaram o SUS (8% do total), a percepção é principalmente de atendimento demorado no SUS, em contraposição com um atendimento mais ágil no plano de saúde.
Análise
Para a maioria dos paulistas, cerca de 80%, o SUS não tem recursos para atender bem a todos. Eles consideram os recursos mal administrados e afirmam que o Sistema Único de Saúde não consegue atender a todos com qualidade e igualdade de condições. Também têm a percepção de que a rede pública não possui todos os medicamentos necessários e que não é possível obter todos os remédios.
Metodologia
Para obter uma fotografia fiel da percepção dos paulistas maiores de 16 anos, o Datafolha realizou uma pesquisa quantitativa, com abordagem em pontos de fluxo populacional. Foram ouvidas pessoas de todas as classes econômicas, sendo que a coleta ocorreu de 3 a 10 de junho, com abrangência do estado de São Paulo.
A amostra é de 812 entrevistas, 47% da região metropolitana e 53% do interior, sendo representativa da população do estado. A margem de erro é de 3 pontos, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.