“Novas dimensões da Qualidade” foi o tema do seminário realizado ontem (19.5) pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), na 23ª Hospitalar, em São Paulo.
A complexidade da Saúde no Brasil demanda uma visão ampla da qualidade, sob diversos ângulos. Como lembrou o diretor-executivo da Anahp, Carlos Figueiredo, na abertura do evento, os hospitais associados são reconhecidos pela excelência, “mas como medir a qualidade, avaliá-la e aprimorá-la?”
Figueiredo destacou que o Institute of Medicine dos EUA definiu, há mais de uma década, a qualidade em dimensões pelas quais o cuidado na Saúde deve ser: seguro, efetivo, centrado no paciente, oportuno, eficiente e equitativo. Na época, foi objeto de estudo no País e, agora, o assunto é retomado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a partir da ampliação do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Prestadores de Serviços (Qualiss).
As experiências inovadoras dos hospitais associados da Anahp, apresentadas no Seminário, mostram a liderança dessas instituições no mercado hospitalar brasileiro no que diz respeito a atendimentos que preconizam a qualidade.
Ivana Siqueira, superintendente de Atendimento e Operações do Hospital Sírio-Libanês (SP), por exemplo, falou sobre o modelo operacional voltado para a eficiência e segurança, que está sendo desenvolvido no hospital, a partir da construção de um novo prédio, de grandes dimensões, que demandaria um aumento no número do efetivo, o que era inviável. Após estudos para a definição de uma solução, a escolha foi pelo concierge, um serviço hoteleiro, que assumiu as funções de acolhimento, atendimento e controle e tem se mostrado bastante eficiente, otimizando todo o atendimento.
A vivência do Hospital Samaritano (SP), em “cultura justa” foi explicada por sua gerente de qualidade, Priscila Rosseto, que destacou ser a cultura da segurança algo extremamente importante para a instituição. Os funcionários precisam entender a responsabilidade que têm no cuidado e em como usar adequadamente a estrutura do hospital para isso, o que vai além de técnica e das melhores práticas, mas depende do cumprimento de evidências e protocolos – o que levou a formação de um grupo de discussão de “cultura justa”.
Outra experiência sobre a qualidade, apresentada durante o seminário da Anahp, foi a do Hospital A.C Camargo Cancer Center (SP), especializado em oncologia, que criou o Encontro com o Cuidador, um serviço de atendimento aos pacientes que não estão mais internados, mas que podem retornar e necessitam de assistência fora do hospital. Por isso, seus cuidadores devem adquirir conhecimentos para auxiliá-los com os dispositivos em uso, como sondas e outros. Isabel Miranda Bonfim, gerente de Enfermagem do Hospital, mostrou os benefícios do projeto e como são realizados os encontros.
Os desfechos adotados pelo Hospital Vita Batel, de Curitiba, após a alta de um processo de cirurgia bariátrica, foi detalhado por Marta Fragoso, gerente do Núcleo de Gestão de Segurança do Paciente Grupo Vita. O hospital de Curitiba é acreditado em Cirurgia Bariátrica pela Surgical Review Corporation e desenvolve um trabalho minucioso com uma abordagem multiprofissional e de interação junto ao paciente, respaldado por uma estrutura física e humana, para garantir a qualidade de vida.
As tendências do mercado de saúde e a importância de valorizar as linhas de cuidados dos pacientes dentro das organizações, para as instituições obterem resultados sustentáveis, foram abordadas por Afonso José de Matos, diretor-presidente da Planisa.
Luiz Felipe Gonçalves, superintendente médico-assistencial do Hospital Mãe de Deus (RS), falou sobre a metodologia do “Planetree” que o hospital está implantando e a participação do paciente na reestruturação do serviço. Ele lembrou que o cuidado centrado no paciente vai além da questão da qualidade. Por isso, é o foco de todas as instituições, que devem constantemente rever os modelos de atendimento e tecnologias desenvolvidas para um cuidado coordenado, que ainda encontra dificuldades de efetivação, principalmente em sistemas de saúde pouco estruturados, como existem no Brasil.
Como o Hospital Israelita Albert Einstein se adaptou às ações e experiências do paciente dentro da visão global foi explicada por Marcelo Alves Alvarenga, gerente médico do Escritório de Experiência da instituição. “Na minha opinião, satisfação faz parte da experiência do paciente, que é algo bem maior, embasada em várias questões que o paciente tem durante o cuidado que recebe dos profissionais e da instituição”. Por isso, a experiência deve ser medida sob a ótica do paciente e sob.
Fonte: Monitor Mercantil – 20.05.2016