Núcleos do CQH abordam gestão de pessoas e hotelaria

Na semana de encontros dos Núcleos de Apoio à Gestão Hospitalar (Nagehs) do Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), os grupos Gestão de Pessoas e Hotelaria Hospitalar fizeram exposição dos trabalhos nos dias 7 e 8 de novembro. Os eventos foram realizados na sede da Associação Paulista de Medicina.

O Nageh Gestão de Pessoas iniciou suas atividades no dia 7 com a palestra “A expansão do complexo-econômico industrial da saúde em São Paulo”, ministrada pelo gerente de Indicadores Econômicos da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), Vagner Bessa.

Bessa expôs aos participantes a contribuição dos serviços vinculados às ciências da vida humana para o emprego e a economia na cidade de São Paulo. O conjunto de atividades integra desde a indústria farmacêutica e serviços de saúde aos novos campos de pesquisa, como bioinformática, biotecnologia, genética, neurociência cognitiva e farmacogenética.

Segundo dados levantados, a saúde mercantil/privada representou 65,8% de riqueza produzida em São Paulo em 2013, um aumento de 6,7% comparando a 2010. A saúde pública se manteve em 23,4% nos dois períodos pesquisados. Já no ramo da indústria, houve uma retração da riqueza. Em 2010, obteve-se 17,5% de valor; em 2013, o número decaiu para 10,8%.

“A Saúde deve ser compreendida como setor de grande força econômica, não apenas como uma área pertinente ao bem-estar que norteia as relações de pessoas. Daqui a 20 anos, algumas profissões não existirão mais, e a Saúde permanecerá representativa, capaz de gerar bons empregos e renda”, reforça o gerente.

Na aula “O que indicam as melhores empresas para se trabalhar”, o palestrante Joel Souza Dutra, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade São Paulo, ressaltou a importância de se compartilhar experiências entre diversos setores econômicos e como adequar os perfis profissionais às distintas realidades.

“É muito importante a discussão trazida aqui hoje em um grupo do mesmo setor e traçar um comparativo entre empresas semelhantes ou de diferentes segmentos, pois possibilita um aprendizado intenso. E focamos justamente nisso, na troca de informações, o que são boas práticas dentro das diversas áreas, de maneira mais ampla e geral, para ser disseminado e trabalhado no aprimoramento de gestão de pessoas”, disse.

A coordenadora do Nageh Gestão de Pessoas, Maria Aparecida Novaes, ressalta que a ideia de trazer dois conteúdos, um com conceito e levantamento da saúde no município de São Paulo e outro sobre como gerenciar os profissionais dentro dessa realidade, enriqueceu o debate.

“Bessa nos traz um panorama do contexto da saúde e os recursos humanos em um dado ambiente, ou seja, os números se referem não só aos hospitais, mas aos conteúdos relacionados à tecnologia e farmácia, entre outros. Com esse universo da saúde, o professor Joel aponta caminhos para lidarmos com os quadros dentro dessa complexidade, composto em sua maioria pelo público feminino qualificado e especializado”, explica a coordenadora.

O Nageh Gestão de Pessoas, organizado em 2013, surgiu de uma demanda das assembleias dos hospitais que participam do CQH. Assim, o grupo foi formado a partir da manifestação de interesse dos profissionais da área de gestão de pessoas e de organizações de serviços de saúde. De lá para cá, o grupo é composto por 1.350 profissionais que atuam em hospitais públicos ou privados.

Nageh Hotelaria Hospitalar

Já no dia 8 de novembro, o Núcleo de Apoio à Gestão Hospitalar Hotelaria Hospitalar teve como abordagem o “Conceito de hotelaria, implantação, diferencial estratégico e gestão de indicadores”, com a palestrante Ana Augusta Blumer Salotti, coordenadora geral de serviços de hotelaria do Hospital Moriah.

O encontro buscou promover uma reflexão sobre a importância da hotelaria dentro do contexto hospitalar, tanto pela perspectiva dos clientes internos (áreas assistenciais) quanto dos clientes externos (pacientes e acompanhantes), com foco nas principais atribuições e habilidades que um gestor de hotelaria deve ter para atuar de forma estratégica.

“Considerando que a área de hotelaria compreende serviços que não correspondem à atividade fim das instituições de saúde de forma direta, a terceirização tem sido uma opção para que empresas especializadas em segmentos específicos possam atuar agregando valor à qualidade e segurança nos processos e na experiência de saúde como um todo”, explica Ana Augusta.

De acordo com a palestrante, para garantir que os serviços entregues estejam dentro dos níveis mínimos de qualidade contratados, é necessário ter uma ferramenta efetiva e eficaz de avaliação de fornecedores e critérios bem definidos para mensuração dos resultados. “A discussão sobre o conceito, os objetivos e como elaborar e aplicar um Acordo de Nível de Serviços (Service Level Agreement) foi parte importante do conteúdo abordado, tendo despertado grande interesse e interatividade dos participantes.”

Para benchmarking, Ana Augusta apresentou a experiência do Sharp Memorial Hospital, de San Diego, que tem em sua cultura o cuidado com foco no paciente. “Com o exemplo deles, mostramos maneiras práticas de como a hotelaria pode fazer a diferença na experiência de hospitalização, utilizando a criatividade e o bom relacionamento com as áreas assistenciais, esclarecendo as diferenças entre hospitalidade e humanização”, completou.

Para a coordenadora do Nageh Hotelaria Hospitalar, Adriana Alves G. Araújo, o encontro conseguiu atingir a expectativa. “Ana Augusta é pioneira nos estudos sobre hotelaria hospitalar. Além disso, a experiência dela agregou muito valor, e ela teve bastante conteúdo para nos informar, pena que o tempo foi curto”, avalia.

O Nageh Hotelaria Hospitalar reiniciou os trabalhos em 2014. Ao todo, 76 profissionais de organizações públicas e privadas fazem parte do núcleo. Em sua maioria, os participantes têm qualificação voltada para gestão em hotelaria ou gerenciamento de leitos, limpeza ou lavanderia.

Os núcleos do CQH, além de agregar conhecimento por meio dos indicadores e estimular as ferramentas de avaliação do programa, visam construir um modelo de excelência em gestão.