Desvio de verbas públicas impacta os investimentos no SUS, prejudica assistência aos cidadãos e também dificulta luta dos médicos por remuneração justa
Em 17 de março, o diretor de Defesa Profissional, Marun David Cury, representou a Associação Paulista de Medicina (APM) em reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O encontro serviu para cerca de 300 federações, associações e outras entidades do setor de serviços e da indústria somarem esforços no combate à corrupção que assola o País.
Para Florisval Meinão, presidente da APM, são inadmissíveis desvios de verbas públicas no Brasil e que, portanto, a entidade apoia todas as investigações que visem interromper esta imoralidade. “O dinheiro que não chega ao seu destino, pelo que se sabe hoje, poderia ter minimizado em grande proporção o sofrimento de milhões de brasileiros que perambulam pelas filas do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma.
Marun considera que os médicos são pessoas politizadas e formadores de opinião que têm de lutar contra a corrupção e, inclusive, conscientizar a clientela sobre este problema. “A corrupção leva a menores investimentos, inclusive no SUS. Os médicos do sistema público não possuem reajustes há muito tempo, já que o governo não melhora o financiamento da Saúde sob a justificativa de falta de verbas”, exemplifica Marun.
Para ele, a administração é muito ruim, prejudicando diversas instituições e impactando diretamente na Saúde. “Nós lutamos, também, por reajustes para os prestadores médicos junto às operadoras de planos de Saúde. Mas, por conta desta crise, quase 10% dos usuários abandonaram o seu plano e as operadoras lutam para manter a estabilidade. Isso dificulta muito o processo de negociação para corrigir a remuneração dos médicos”, conclui.
Neste sentido, a APM já havia convocado os seus associados para que comparecessem à Avenida Paulista, em 13 de março, em manifestação contra a corrupção. A marcha foi um momento histórico do Brasil, superando em presentes as movimentações das Diretas Já, transformando-se na maior mobilização ocorrida no Estado de São Paulo.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp, falou à ocasião que a entidade luta, agora, pelo impeachment da presidente, que não se mostrou inclinada à renúncia. “O momento é para concentrarmos o trabalho junto ao Congresso Nacional a favor do impedimento, já que o que estamos assistindo são indústrias e comércios fechando, além do crescimento galopante do desemprego”, completa.