Administração em Saúde: a excelência começa aqui

A administração em saúde preza pela gestão profissional das unidades de atendimento, sendo uma intersecção entre os serviços administrativos, corriqueiros a qualquer companhia, e os de saúde, inerentes ao setor médico

A Administração em Saúde é o conjunto de conhecimentos que une planejamento, organização, controle, avaliação, gestão de recursos e informação aos conceitos de prevenção, reabilitação e reintegração do cidadão à sociedade após um processo de danos à sua Saúde”, define José Manoel de Camargo Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde (Abrampas) e ex-secretário estadual adjunto da Saúde de SP.

José Manoel de Camargo Teixeira
Presidente da ABRAMPAS

O que se busca neste setor é uma gestão plena e ampla de ações em Saúde, para colocar à disposição da sociedade essa organização dos processos: tanto em prevenção quanto dos cuidados – realizados via diagnósticos, tratamentos, internações, ambulatórios e serviços de Saúde. Dessa maneira, a população se beneficia de uma condição favorável para tratar-se e trabalhar o processo de saúde e doença. “Felizmente, hoje, já há uma noção bastante sedimentada que esta especialização que aplica conceitos de Administração em Saúde é fundamental.

Especialização

Para se tornar um especialista em Administração em Saúde em São Paulo, o graduando tem de cursar a residência médica na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) – que já existe há quase 40 anos. Outros profissionais de saúde, como enfermeiros, farmacêuticos e fisioterapeutas, podem participar do programa de Aprimoramento Profissional em Administração em Saúde. Os dois programas que hoje formam os futuros administradores de Saúde funcionam junto ao Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde (PROAHSA).

A residência é um curso essencialmente prático, no qual o médico participa de um estágio durante todo o dia em diferentes unidades do hospital, aprendendo a gestão do funcionamento das áreas na parte de cuidados. Complementarmente, há o conteúdo teórico administrado em sala de aula, por preceptores capacitados. Necessita-se uma profissionalização na gestão tanto nos serviços públicos quanto nos privados. Não há mais espaço para gerir um serviço de saúde regido pelo bom senso ou apenas pelo conhecimento empírico”, completa.

“Tudo isso começou por volta das décadas de 1970 e 1980. Veja que, na realidade, a Administração em Saúde sucede um pouco a Administração Hospitalar, que já existia na Faculdade de Saúde Pública, até por necessidade de realizar a gestão de campanhas de prevenção. Os hospitais eram muito simples naquela época, mas na medida em que foram evoluindo e o serviços de Saúde ficaram mais complexos, esses conhecimentos se fizeram necessários”, relembra Teixeira.

Neste período, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) tomou a iniciativa de trazer para a América Latina os conhecimentos deste setor que já estavam consolidados nos principais centros mundiais. Junto à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP – FGV), criou o PROAHSA, financiado pela Fundação W. K. Kellogg. Foi o pontapé inicial para que mais de 15 programas de especialização fossem criados na região.

“Podemos considerar que, hoje, o Brasil quase se equipara aos principais países do mundo no que se refere à Administração em Saúde. A diferença está na incorporação de tecnologias de gestão, recursos, equipamentos, softwares e processamento de informações. Mas podemos considerar o País em um excelente nível, com várias instituições que atuam no setor, escolas que oferecem educação de qualidade e associações nacional e regionais que certificam especialistas por meio de provas”, diz o presidente da Abrampas.

COMPROMISSO COM A QUALIDADE HOSPITALAR

Alinhada à importância do tema, a Associação Paulista de Medicina é mantenedora do Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH) desde 1991. A ideia do projeto foi inspirada nos trabalhos da Comissão Conjunta de Acreditação de Organizações de Saúde (CCAOS), dos Estados Unidos, e nasceu após uma ampla discussão entre diversas entidades ligadas ao atendimento médico-hospitalar no estado de São Paulo.

O CQH pode ser definido, agora, como um programa de adesão voluntária, cujo objetivo é contribuir para a melhoria contínua da qualidade hospitalar. Para o aprimoramento dos processos de atendimento, o Programa estimula a participação, auto avaliação, incentivo à mudança de atitudes e comportamentos e o trabalho coletivo, principalmente o de grupos multidisciplinares. “A nossa grande missão é disseminar uma metodologia de gestão e todas as nossas ações são instrumentos e ferramentas para atingir este resultado. Tudo o que fazemos são formas diretas ou indiretas de ajudar os hospitais”, explica Haino Burmester, coordenador do CQH e de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde de SP.

O CQH realiza ações como grupos de benchmarking com equipes específicas dentro dos hospitais, como as de controle de infecção hospitalar, enfermagem, hotelaria e nutrição, para discutir aspectos próprios de cada área. O critério de Estratégias e Planos do CQH, por exemplo, examina o processo de formulação das estratégias, enfatizando a análise do mercado de atuação e do macroambiente. Também examina o processo de implementação das estratégias, incluindo a definição de indicadores, o desdobramento das metas e planos para as áreas da organização. “Há, ainda, as visitas de avaliação, o intercâmbio de informação com delegações internacionais, cursos, o Prêmio Nacional de Gestão em Saúde (PNGS) e o selo de conformidade, entre outras ações”, finaliza Burmester.

Fonte: por Guilherme Almeida, matéria publicada na edição 671 da Revista da APM, de outubro de 2015