No dia 24 de novembro, a Associação Paulista de Medicina (APM) sediou encontro para a criação de um fórum em defesa de mais recursos para o Sistema Único de Saúde
A reunião contou com a presença de diversos representantes da Saúde, como profissionais de medicina, cirurgiões-dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, além de outros ramos da sociedade civil, a exemplo da OAB, Fecomercio e Fiesp, e parlamentares médicos, como o vereador Gilberto Natalini e o recém eleito deputado federal Sinval Malheiros, entre outras personalidades.
O presidente da APM, Florisval Meinão, relembrou a luta da sociedade para aumentar o financiamento da saúde pública, iniciada com a Emenda Constitucional 29, de 2000, cuja regulamentação em janeiro de 2012 frustrou as expectativas de estabelecer o patamar de investimento de 10% das receitas correntes brutas da União para a Saúde. “Ao longo do tempo, a União foi concentrando a arrecadação de impostos e, ao mesmo tempo, reduzindo sua contribuição à Saúde. Em 1988, 75% da verba da saúde pública vinham da União, e atualmente são apenas 45%.”
“Mais uma vez nos unimos porque não estamos satisfeitos com o que o Brasil investe na Saúde, tem prefeitos destinando 35% do orçamento do município para a secretaria de Saúde porque os recursos federais são insuficientes, não dá mais”, declarou Natalini.
Enquanto o Brasil investe cerca de 4% do PIB em saúde pública, a média de investimentos dos outros países com modelos universais de assistência é de 8% a 9% do PIB. “Sem dúvida o SUS foi uma enorme conquista para o povo brasileiro, mas ainda há diversas incoerências. O Brasil é a sétima economia do mundo, mas ocupa a 72ª posição em investimento do PIB per capita para a saúde”, informa o secretário de Comunicação do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Gerson Salvador de Oliveira.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), João Ladislau Rosa, explica que o SUS já passou por diversos governos, de diferentes partidos, e cresceu de maneira errada. “O Estado continua com grande dívida com a sociedade. O SUS não garante acesso a todos, de um lado vemos áreas de excelência, como a de transplantes, e por outro, vazios sanitários.”
Além do financiamento insuficiente, os problemas de gestão da saúde pública também foram destacados. Constantino Salvatore Morello Junior, presidente da Comissão do Cooperativismo da OAB-SP, ressaltou que relatórios do Tribunal de Contas da União apontam que, entre 2008 e 2012, R$ 20 bilhões deixaram de ser investidos no SUS. “Obviamente faltam recursos, não dá para gerir o que não existe, mas é preciso utilizar o que há de maneira correta, do contrário não há dinheiro que baste.”
O médico Sinval Malheiros, eleito deputado federal, concedeu total apoio ao movimento: “Vamos lutar juntos, começamos hoje uma luta que com certeza será vitoriosa”. O grupo se reunirá novamente no dia 26 de janeiro, para aprovar um manifesto que será divulgado à população e definir os próximos passos.
Fonte: APM