Com um crescimento acelerado do número de segurados, em grande parte devido à expansão da classe média, os planos de saúde tornaram-se alvo, nos últimos dez anos, de um aumento acentuado de queixas no Brasil – o que é visto por especialistas como reflexo das deficiências do setor
Dados obtidos junto a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revelam que de 2002 a 2012 o número de reclamações registradas por usuários na autarquia federal praticamente quintuplicou, passando de 16.415 para 75.916, um crescimento de 362%.
No mesmo período, a quantidade de planos de saúde em atividade no país caiu 36%, de 2.407 para 1.542, ao passo que o universo total de beneficiários, incluindo aqueles com planos exclusivamente odontológicos, ganhou aproximadamente 32 milhões de novos usuários.
Segundo a ANS, além do crescimento da base de clientes, o incremento no número de reclamações foi resultado, entre outros fatores, de uma atuação mais rigorosa da agência.
Na avaliação de Bruno Sobral, diretor do órgão, a autarquia ganhou visibilidade ao tornar-se uma espécie de “porto seguro” para consumidores descontentes com seus planos de saúde, criando garantias para que suas demandas sejam solucionadas e incentivando, assim, o registro de mais queixas.
Já para a FenaSaúde, entidade que representa 15 grupos empresariais do setor, a multiplicação das queixas “não reflete, necessariamente, um aumento dos problemas”.
Segundo a associação, os consumidores possuem atualmente “muito mais canais para encaminhar suas queixas à ANS ou aos órgão de defesa do consumidor”.
Mas, de acordo com especialistas consultados pela BBC Brasil, o aumento na quantidade de reclamações, apesar de ter acompanhado a evolução do número de pessoas com acesso a plano de saúde (que cresceu de 35,2 milhões, em 2002, para 67,1 milhões, em 2012), evidencia, sobretudo, que o setor ainda sofre com falhas, como a falta de fiscalização e a lentidão no julgamento dos processos.
Reclamações contra planos de saúde – Fonte: ANS
2002 – 16.415
2003 – 20.396
2004 – 30.543
2005 – 20.366
2006 – 16.359
2007 – 7.018
2008 – 15.895
2009 – 23.984
2010 – 30.865
2011 – 54.178
2012 – 75.916
Fonte:
Luís Guilherme Barrucho
Da BBC Brasil em São Paulo
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