Elaboração de protocolo para preservação da privacidade física do paciente em centro cirúrgico

Isau Paulino de Oliveira, Patrícia Mitsue Saruhashi Shimabukuro, Gilmar Pereira Coan, Dario Yamashiro, Emilio Carlos Del Massa

Resumo


Introdução: A privacidade é um direito humano essencial, protegido por diversas legislações. A ausência de medidas protocolares para protegê-la no ambiente de cuidados em saúde, como em um centro cirúrgico, pode dar oportunidade para casos de abuso físico e exposição de imagem de cunho sexual, com consequências desastrosas para pacientes, instituições e classes profissionais envolvidas. Objetivos: Realizar uma busca na literatura para elaboração de um protocolo institucional visando a proteção da privacidade corporal do paciente durante procedimentos em centro cirúrgico. Métodos: A base literária foi composta de uma revisão integrativa de documentos dos últimos dez anos nas seguintes plataformas de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Bireme, Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline) e Google acadêmico, além de publicações da Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Resultados: A busca resultou na seleção de 13 artigos científicos, 3 legislações, além de 3 notas oficiais emitidas pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Discussão: As referências apontaram que, embora a necessidade de exposição, manipulação e registro de informações sobre os corpos dos pacientes seja inerente à assistência à saúde, as consequências dessa condição indispensável precisam ser levadas em conta, principalmente considerando o impacto disso na experiência vivenciada. Alguns trabalhos evidenciam ainda que muitos profissionais assistentes do paciente, e, por conseguinte, as próprias instituições de saúde, parecem não demonstrar que reconhecem a privacidade física como um elemento importante para a qualidade e a segurança do serviço prestado. Esse cenário também expõe o direito à privacidade física e à honra dos pacientes a situações de vulnerabilidade, desde constrangimentos até mesmo casos de abuso físico por manipulação ou por registros de vídeos e fotografias erotizados. Conclusão: Para alcançar o objetivo de melhorar a experiência e oferecer mais segurança ao direito à privacidade e à honra dos seus pacientes, as instituições devem estabelecer protocolos e treinar seus quadros profissionais para comunicar com clareza e agir sem gerar suspeitas durante a manipulação física daqueles aos quais prestam assistência à saúde.

Palavras-chave: Cirurgia; Direitos do paciente; Privacidade.

 

 

Development of a protocol to preserve the physical privacy of patients in a surgical center

 

ABSTRACT

Introduction: Privacy is a fundamental human right, protected by various legislations. The absence of standardized protocols to safeguard it within healthcare settings, such as in an operating room, can create opportunities for physical abuse and sexually suggestive image exposure, leading to disastrous consequences for patients, institutions, and the professional classes involved. Objectives: To conduct a literature review for the development of an institutional protocol aimed at protecting the bodily privacy of patients during procedures performed in the surgical center. Methods: The literature base consisted of an integrative review of documents from the past ten years sourced from the following databases: Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS), BIREME, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), and Google Scholar, in addition to publications from the Brazilian Society of Anesthesiology (SBA). Results: The search led to the selection of 13 scientific articles, 3 pieces of legislation, and 3 official statements issued by the Brazilian Society of Anesthesiology. Discussion: The references indicated that although exposure, handling, and recording of information regarding patients’ bodies are inherent to healthcare delivery, the consequences of this indispensable condition must be considered, especially regarding its impact on patient experience. Some studies further show that many healthcare professionals, and consequently the institutions themselves, do not appear to acknowledge physical privacy as a key element in the quality and safety of the care provided. This scenario also puts patients' rights to physical privacy and dignity at risk, exposing them to vulnerable situations ranging from embarrassment to cases of physical abuse through handling or the creation of eroticized videos and photographs. Conclusion: To achieve the goal of improving patient experience and better ensuring their rights to privacy and dignity, healthcare institutions must establish protocols and train their professionals to communicate clearly and act in a way that avoids raising suspicions during the physical handling of patients under their care.

Keywords: Surgery; Patient rights; Privacy


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DOI: http://dx.doi.org/10.23973/ras.99.415

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