Resumo
Estima-se que de 35 a 45% do orçamento total do hospital é associado a administração de materiais, ou seja, quase 50% dos recursos financeiros são destinados aos materiais e medicamentos da organização, sendo a gestão desse estoque um processo importante para uma gestão estratégica voltada para a redução de custos. Estoques sem consumo e sem rotatividade na organização de saúde são considerados excedentes, pois permanecem por um longo tempo na organização, não possuem giro de estoque e não geram lucro e nem retorno ao investimento realizado, podendo se transformar em perda por obsolescência ou perecibilidade. Desta forma, este estudo teve como principal objetivo identificar se existe estoque excedente de materiais e medicamentos em um complexo hospitalar de alta complexidade e propor planos de ação com o intuito de minimizar possíveis perdas por perecibilidade. Ao considerar o objeto de investigação, optou-se por realizar um estudo descritivo, exploratório com a utilização da abordagem quantitativa e qualitativa de pesquisa. Em um primeiro momento, foram coletados dados sobre a movimentação dos insumos no estoque, quantificando-os e qualificando-os por meio da Curva ABC para os fins pretendidos, sendo esta a abordagem quantitativa. Do mesmo modo, em um segundo momento, também foram levantadas informações referentes a gestão de estoque, por meio de relatos dos colaboradores e de um estudo observacional com o intuito de mapear os gaps do processo, sendo esta segunda abordagem definida como qualitativa. Os resultados mostraram que 710 insumos dos grupos medicamento e material médico hospitalar possuíam estoque excedente, entretanto, apenas 80 insumos foram classificados como A, ou seja, correspondiam a 80% do valor total de estoque destes grupos. Assim, foram propostos planos de ação para os 80 insumos visando a sua redução imediata. Além disso, também foram identificados, por meio da ferramenta fluxograma, os principais gaps do processo de gestão de estoque com posterior sugestão de melhoria para o processo e propostas de ação para prevenir a formação futura de estoque excedente. A formação de estoque excedente está atrelada a muitas variáveis, entretanto, embora seja uma gestão de difícil controle, o complexo hospitalar preza pela excelência e busca a melhoria contínua dos seus processos, de forma que têm interferido de maneira significativa nessas variáveis, por meio do uso de ferramentas e sistemas de gestão de estoque, reduzindo assim seus custos e proporcionando uma assistência ao paciente com mais segurança e qualidade.
Referências
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