Análise de impacto orçamentário de próteses dispensadas em um hospital do SUS

Claudia Barbieri Tait Gandolfi, Carlos Alberto Gabrielli Barreto Campello, Edgard Eduard Engel, Carlos Alberto Grespan Bonacim, Amanda Ribeiro Vieira, Altacílio Aparecido Nunes

Resumo


INTRODUÇÃO: As pessoas com deficiências físicas, frequentemente, necessitam de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, que são fornecidos, gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em centros credenciados. Porém, as equipes de reabilitação têm dúvidas quanto à real utilização destes equipamentos. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é demonstrar qual é o impacto orçamentário nos recursos públicos da não adesão na utilização das próteses. MÉTODO: Um levantamento demonstrou que 37% dos pacientes não utilizam as próteses recebidas do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Foi realizada uma Análise de Impacto Orçamentário comparando-se o cenário em que é dispensado ao paciente tudo que é prescrito, com um cenário alternativo, em que estes equipamentos seriam entregues somente aos 63% de pacientes que os utilizam. DISCUSSÃO: Levando–se em conta o considerável valor financeiro aplicado neste programa, recomenda-se o aprofundamento das questões relativas à não adesão ao tratamento com próteses, evitando assim a dispensação para aqueles sabidamente não aderentes e possibilitando que os valores economizados sejam usados em outros programas. CONCLUSÃO: O fornecimento racional de próteses pode gerar melhoria significativa na aplicação dos recursos do SUS. Acredita-se que futuros estudos serão importantes para avaliar fatores individuais preditivos para o uso de próteses e potencialmente otimizar aplicação dos recursos públicos.

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DOI: http://dx.doi.org/10.23973/ras.72.129

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